domingo, 4 de julho de 2010

política das ruas: Grécia

Nos últimos meses, estamos recebendo informações sobre a situação da Grécia: o país está em crise, e a EU está impondo políticas de redução de gastos. A solução encontrada foi cortar salários e benefícios dos trabalhadores. Isso está gerando uma onda de greves gerais. Temos conhecimentos destas no Brasil pela grande mídia. No entanto sabemos que o seu discurso trata do que interessa a ela: a política que acontece na rua ou é deixada de lado, ou é exposta para vender, seu lado violento.

No início de maio deste ano, em greve geral na Grécia, um grupo de anarquistas pôs fogo em um banco ocasionando em três mortes. Sabemos das mortes, pois foram relatadas pela mídia; porém nada sabemos desse grupo. Indo na contramão desses relatos, gostaria de falar sobre esse acontecimento e de mais um outro: ambos manifestações políticas gregas que não ocorrem nos gabinetes do governo, que são desprezadas em sua singularidade.

Sobre as mortes três fatos foram desconsiderados pelos meios de comunicação de massa: 1. Segundo relato de quem vive a situação do país, bancos são alvos de anarquistas em quase todas as grandes manifestações gregas. Lá isso todos sabem. 2. A gerência do banco impediu que os trabalhadores fossem para as ruas se juntar aos seus. 3. O banco não tinha segurança suficiente em caso de incêndio. Resultado: as três mortes, e um bloco de notícias sensacionalistas. Assim temos conhecimento desses que lutam por outra realidade como subgrupo com tendências homicidas, e só – algo parecido aconteceu no Canadá na reunião do G-20: os garotos do Black Block colocaram fogo em automóveis, queriam fazer bagunça, merecem ser punidos.

Entretanto outro fato não foi relatado aqui no Brasil, que expõe a criatividade dos anarquistas gregos. Um grupo entrou em um supermercado grego, talvez uns vinte, homens e mulheres, um deles com uma câmera de vídeo que permitiu as imagens que foram postadas em alguns sites. Avisaram que estavam fazendo uma expropriação e que não haveria violência. O grupo destruiu as câmeras de segurança, pegou o que podia – em boa parte alimentos – e todo o dinheiro do caixa. Na rua colocaram fogo no dinheiro e se foram. Em relato dos participantes da expropriação é dito que eles não distribuíram a comida e o dinheiro, pois não queriam que a mídia os tratasse como uma vanguarda, como Robin Hoods, o que já estava acontecendo na Grécia. Os ladrões que roubam dos ricos para dar aos pobres podem virar notícia. Aqueles que lutam por outra realidade, são bandidos. Pois essa realidade é mantida e desejada pela grande mídia.

Faço algumas perguntas: qual o motivo do silêncio das mídias? Elas não entendem o que está acontecendo? O que não é oficial não é noticia? Esse tipo de acontecimento não pode ser exposto, pois pode ocasionar em outros da mesma ordem? Talvez tudo isso. Finalizo aqui, deixando as imagens da expropriação abaixo.

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