domingo, 12 de setembro de 2010

biopoder e resistência nas favelas

Na mídia de massa, as políticas que se centram em valores modernos como crescimento econômico, urbanização e erradicação da pobreza são louvadas. Até ai parece que tudo bem, mas essas políticas e o discurso das mídias marginalizam cada vez mais os pobres, reforçando a subjetividade burguesa.

No entanto, os pobres não são agentes sociais negativos, eles têm sua potência; isso é visto em toda uma rede que tenta produzir relatos que mostram a sujeira dessas políticas e de seus representantes, a mídia.

O confronto entre a macropolítica e pobreza pode ser contemplado em notícias referentes às UPP’s (Unidades de Polícia Pacificadora).

No CMI é dito que a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas em 2016 fazem com que o Rio de Janeiro se prepare “para novos negócios, novos empreendimentos. A cidade dos contrastes precisa de mais máscaras que escondam a miséria, a desigualdade, a injustiça. [...] Várias favelas da zona sul e centro foram escolhidas para serem dominadas pelas UPP's”.

Ainda no CMI, há denúncias de abusos das UPP’s. Estas têm como desculpa a invasão de favelas para erradicar o tráfico, mas a repressão atinge também os moradores. Segundo o pessoal do Complexo do Borel, uma das áreas invadidas “toques de recolher, revistas vexatórias, invasões de residências, saques, agressões, torturas, humilhações e vários outros tipos de abusos vêm sendo cometidos pelos policiais contra os trabalhadores que vivem nas favelas do complexo.”

Até mesmo a cultura das favelas não fica ilesa, como é visto no gerenciamento de bailes funks pela polícia. Segundo texto da Folha de SP, no qual é dado mais atenção ao ponto de vista da policia, sendo seu porta-voz, os bailes “não poderão disseminar conteúdo pornográfico nem os chamados proibidões (funks que fazem apologia ao crime). [...] É a hora do funk de respeito."

“... Foucault definia o ‘biopoder’ como um ‘assalto’ do poder à potência da vida da população considerada como espécie, como principio produtivo...” (Giuseppe Cocco em MundoBraz).

O poder de segurança, a sociedade de controle, é o biopoder. As políticas do Estado e suas UPP's são exemplos desse poder sobre a vida. No entanto, a favela é foco de resistência, e tem suas positividades: nascem da busca por melhores condições de vida; nelas surgem movimentos de moradores que lutam por seus direitos, regularização; também as favelas fazem autoconstrução do ambiente urbano.

“... em lugar de sumir as periferias resistem – e falam cada vez mais alto, produzindo mundos culturais paralelos (...) dentro dos quais passa a viver a maioria da população dos vários países, inclusive do Brasil” (Cocco em MundoBraz).

Mesmo com as favelas invadidas pelas UPP's, o poder da vida resiste. Encontrei no youtube vídeos-clipe de músicas que fazem crítica ao domínio da polícia nas favelas, tendo como pano de fundo imagens de pessoas do tráfico. Mesmo que os vídeos façam apologia ao "crime", eles são gritos de resistência. Posto alguns abaixo.







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